No mundo do futebol, é comum casos de jogadores que são convencidos por empresários a alterarem suas datas de nascimento e até nome de batismo para que nas categorias de base possam disputar torneios e campeonatos com jogadores de idade menor que a sua, levando assim, alguma vantagem física e alcançando destaque e valorização.
O mais recente caso de jogador que alterou sua data de nascimento foi de um ex-atleta do Flamengo, que mudou também de nome, e jogava como Jorbison. Porém, após sua conversão, o jogador decidiu encerrar a fase de mentiras e procurou o clube, dizendo ser dois anos mais velho e que seu nome verdadeiro era Maxwell.
Considerado por muitos uma promessa, o talentoso Maxwell era visto como um atleta que ao longo dos anos seria titular da lateral esquerda do clube de maior torcida do país, e já tinha até conseguido uma convocação para a Seleção Brasileira Sub-20, além de disputar três partidas pelo time no Campeonato Brasileiro de 2009, ano que o clube foi campeão. Porém, tudo isso era como Jorbison.
Segundo o jogador, ele procurou o clube querendo recomeçar sua carreira e acertou a rescisão de contrato para tentar a sorte com seu nome e identidade verdadeiros: “Eu me converti, preciso me batizar e não posso mais mentir. Sou gato. Meu nome é Maxwell, e não Jorbison”, explica, usando uma expressão futebolística para se referir à falsificação.
Os dirigentes do clube ficaram boquiabertos com a revelação, segundo informações do G1: “Que loucura, né? Ele não conversou diretamente comigo, mas fiquei sabendo. Era um garoto muito bom e nunca desconfiei de nada”, afirmou Isaías Tinoco, ex-gerente de futebol do Flamengo.
Maxwell agora afirma sentir-se melhor e quer buscar afirmação sem mentiras: “Meu sonho era me batizar, e não poderia fazer isso estando nesse erro. Vou me batizar neste ano. Hoje estou 100% ligado a Deus. Isso me faz muito bem. Quando vejo atletas indo pelo mesmo caminho, eu alerto. Às vezes, a pessoa só aprende passando por isso. No meu caso foi assim. Tem duas maneiras de você seguir a Deus: pelo amor ou pela dor. Tive que experimentar esses dois lados”.
Ele admite que a situação no novo clube, o Corinthians Pilarense, de Alagoas, não é a ideal, mas está focado na oportunidade e está tranquilo: “Aqui é como se fosse um recomeço da minha carreira, tanto na área profissional como espiritual. Por isso, hoje estou em paz, com meu coração tranquilo, pois estou fazendo a coisa certa. Poucos tomariam essa atitude, só tomei porque senti que era de Deus. Isso me faz muito bem hoje”, afirma o jogador.
Maxwell Batista da Silva afirma que nasceu num lar cristão, mas que se afastou da igreja durante o tempo que atuou no Flamengo como Jorbison: “Venho de um lar evangélico, fui criado na igreja ouvindo a palavra de Deus, isso é uma bênção. Mas, às vezes, você cai em tentação em algumas circunstâncias. No meu caso foi isso. Saí da Bahia com 16 anos para ir para o Rio de Janeiro jogar. Chegando lá me desviei, conheci coisas que nunca tinha visto. Fiquei de dois a três anos desviado. Tive um encontro verdadeiro com Deus no meio de 2011 e estou firme até hoje. A verdadeira felicidade a gente só encontra no caminho de Deus, ouvindo a palavra. No meio do futebol é muito complicado. Você conhece pessoas que te facilitam muita coisa em relação a noitada, mulher…”, relata o atleta, que ainda sonha com uma carreira de sucesso.
Ele espera um dia voltar ao Flamengo, como Maxwell, e sentir novamente a emoção de jogar pelo clube do coração: “Com certeza, Deus já me perdoou, pois ele conhece o coração do homem. Isso é o mais importante. Foi um sonho ter jogado no Flamengo e eu creio que as portas que Deus está abrindo para mim vão além. Mas se tiver oportunidade de voltar um dia será um prazer enorme, até porque sou Flamengo de coração”.