Caroline  Celico, mulher do craque brasileiro Kaká, diz que já viu o marido  entrar em campo morrendo de febre e sem reclamar; pastora, ela vai  lançar um CD e um DVD
Visite: Gospel, Noticias  Gospel, Videos Gospel, Musica Gospel Na quarta-feira, enquanto o craque Kaká chutava a bola pela primeira  vez na África, no penúltimo amistoso antes da Copa, a mulher dele,  Caroline Celico, 22, entrava em estúdio em São Paulo para finalizar seu  primeiro -e talvez único- CD. “Estou também fazendo um DVD. Mas ainda é  surpresa.”
 São nove regravações de músicas gospel, duas de sua  própria lavra (uma para o filho, Luca, 2, e outra que gravou com Claudia  Leitte) e -surpresa!- uma carta que Kaká escreveu para ela e que  musicou para a cerimônia do casamento deles, em 2005.
 “Eu busquei você no altar de Deus/Recebi você das mãos de Deus/Eu  busquei você no altar de Deus/Mais do que sonhei venho de Deus”, diz a  letra de Kaká.
 Na semana passada, a mulher do craque se encontrou com a repórter  Lígia Mesquita num café em São Paulo para uma conversa rara (ela quase  nunca atende  jornalistas e prefere  responder a perguntas por e-mail). Chegou ao encontro dirigindo um jipe  Toyota, calçando sapatilhas Chanel que trocou por saltos Louboutin antes  de desembarcar. Tomou apenas café com leite.
 Responde a uma das perguntas, sobre a lesão de Kaká, com outra: “Você  quer mesmo que eu fale sobre isso?”. “A maioria dos atletas tem lesões o  tempo todo. Ele se tratava de manhã, de tarde e de noite.” Sem  reclamar. “Uma coisa que admiro no Kaká é a responsabilidade, o quanto  ele mostra pra mim e pra família que está bem, que vai superar. Muitas  vezes já vi ele entrar em campo com 40 graus de febre. Ele tá gripado,  com dor, e joga. Tenta o máximo que pode.”
 “Falamos todos os dias por telefone, eu mando vídeos do Luca pra ele.  Esta é a terceira Copa em que acompanho o Kaká. Em 2002, estávamos  começando a namorar. Em 2006, na  Alemanha, ia direto, porque  morava em Milão, era ponte aérea. Pra África, é mais complicado.”
 Caroline diz que “apagou” da memória quase tudo o que aconteceu na  Alemanha, quando o Brasil foi derrotado nas quartas de final pela  França. “Eu estava lá [na  partida], com meus sogros, meus pais, meu irmão. Quando começou o jogo,  eu já comecei a chorar. Eu olhava pra minha sogra e dizia: “Acho que não  vai dar, vamos perder. E o Kaká?”. É muito triste ir pra lá e perder.”
 Neste ano, se o Brasil for para a final, “e, se Deus quiser, vai”,  ela pensa em viajar à África para acompanhar o jogo. “Assisto a todos”,  diz Caroline. “Nos pênaltis, tenho aflição e viro pro outro lado. Só dou  uma olhada quando a bola entrou.”
 Em março, o então técnico do Real Madrid, Manuel Pellegrini, tirou  Kaká de campo no meio de um jogo da Copa dos Campeões. Ela não aguentou.  Publicou um protesto no Twitter em que o chefe do marido era chamado de  “covarde”. “Encaminhei uma mensagem de outra pessoa e na mesma hora  pensei em tirar. Foi sem querer. Foi um momento de uma esposa,  torcedora, ao ver o marido sair num jogo tão importante. É difícil pra  qualquer um.”
 Em cinco anos de casamento, essa foi uma das raras vezes em que  Caroline fez um gol contra. Filha do empresário Celso Celico e de  Rosangela Lyra, representante da Dior no Brasil, ela foi criada para ser  princesa. Estudou no colégio britânico St. Paul’s. Aos sete anos, foi  matriculada pela avó num curso de culinária e aprendeu a fazer “um  linguado ao forno que o Kaká adora”. Fez curso de gastronomia na Le  Cordon Bleu, em Paris. Aprendeu a tocar piano, “o sonho do meu avô”. Aos  15, começou a namorar Kaká. Casou-se três anos depois -segundo diz,  ainda virgem.
 Sempre frequentou a igreja com a mãe, católica fervorosa. Já  namorando Kaká, entrou para a igreja Renascer, evangélica, que ele  segue. Foi um desgosto para a mãe. “Ela gostaria que eu continuasse no  caminho que tinha me ensinado. Mas essa história de que teve uma rixa  entre nós não é verdadeira.”
 “Desde pequena, eu achava lindo em filme quando as famílias davam as  mãos, aquela coisa do “Thanksgiving” [Dia de Ação de Graças], e  agradeciam nas suas palavras a Deus.” Ainda acha “lindo” e, por isso,  Caroline e Kaká sempre oram antes das refeições.
 “Você vai querer falar sobre isso mesmo?” pergunta mais uma vez. O  assunto é a prisão da bispa Sônia e do apóstolo Estevam Hernandes,  líderes da Renascer, detidos nos EUA há três anos com dólares na Bíblia. “Faz tanto tempo…  nem lembro.”
 “A primeira  igreja evangélica que eu  frequentei foi a Renascer. E sou muito grata por tudo o que [Sônia e  Estevam] já me mostraram e ensinaram, de acordo com a Bíblia. Mas eles  são os líderes da igreja, e não da minha vida. Quem lidera minha vida é  Deus e o que leio na Bíblia.”
 Há cerca de um ano, ela foi “consagrada” ou “separada” para ser  pastora “dentro do reino de Deus”. Montou um grupo semanal de estudos  da Bíblia em Madri, onde vive hoje. “Não é para abrir igreja”, diz. “As  pessoas podem não entender [o que é uma pastora]. Uns acham que é  ridículo, outros acreditam em lavagem cerebral ou que [os pastores]  pedem dinheiro. Prefiro que falem que eu sirvo a Deus. Pastora, freira…  cada um dá um nome. Sou uma serva.”
 É ela quem cuida da rotina doméstica. “Não posso cobrar do Kaká  coisas que outra esposa cobraria do marido. Ele tem desgaste físico. Não  posso querer que, de madrugada, levante e troque fralda. Estou  acostumada a poupá-lo para que ele descanse e o corpo esteja bem.”
 Quando morava em Milão, na época em que Kaká jogava no Milan, chegou a  trabalhar “com eventos” e a organizar um casamento em parceria com a  cenógrafa Chris Ayrosa. Em Madri, leva o filho para parquinhos, cuida da  casa e faz “um pouco de ginástica”. Quer fazer um curso de sommelier.  “Não sei beber vinho, mas acho uma cultura linda.” O casal “adora” sair  com os amigos “para jantar e ir a shows”, como o de Alicia Keys.
 A ideia do CD surgiu em meio a orações. “Minha sogra, Simone, fazia  uma reunião com mulheres em Milão. A gente lia a Bíblia e orava.  Começamos a colocar louvor, a cantar. Partiu daí a vontade de fazer o  CD.” Mas Caroline, que, além de piano, arranha o violão e fez aulas de  canto antes de gravar, diz que não pretende seguir carreira. “Estou  fazendo esse CD para dar de presente. Não vou vender. Vou colocar num  site e as pessoas poderão baixar todas as músicas.”
 Fonte: Folha Ilustrada / Gospel+